quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Guerra Fria: Terror de Estado, Política e Cultura

"Guerra improvável, paz impossível."
                                                                                                                                       Raymond Aron

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Leste Europeu: O "Quintal de Moscou"

Divisão Europa

Com o objetivo de aniquilar o “câncer comunista”, Hitler invadiu a URSS em 1941. Para ele, quanto mais a Alemanha e a URSS se destruíssem melhor para o capitalismo, porém este estava errado. Após 3 anos de guerra com 30 milhões de mortos, o Exército Vermelho iniciou marcha rumo a Berlim. Os soviéticos foram os primeiros a invadir a cidade.
Ao lado de tantos comunistas, Führer cometeu suicídio em 30 de abril de 1945.
Restava aos líderes das potencias políticas reorganizar a estrutura geopolítica e financeira do planeta. As bases dessa organização se deram pela conferência de Ialta e Potsdam. Na conferência de Potsdam seria consagrada a partilha do mundo entre comunistas e capitalistas dando origem aos dois blocos. Naquela ocasião, Stálin apresentou a seus aliados de guerra um fato consumado: o Exército Vermelho havia ocupado o Leste Europeu e não tinha intenção de se retirar dali. Essa região então passaria a receber influência soviética e, assim, começava um período que só acabou com  a queda do muro de Berlim, em 1989.




O Avanço do Exército Vermelho

Exército Vermelho
A ocupação do Leste europeu aconteceu sem muita resistência. Os nazistas pilharam as economias dos países e destruíram partidos. Quando o Exército Vermelho chegou, havia pouca estrutura política. O poder soviético só teve o trabalho de nomear seus representantes locais. 
Na Iuguslávia, o exército encontrou uma boa resistência da organização comunista. Essa organização foi liderada por Josep Broz Tito, que não entregou o poder a Stálin. Tito permaneceu no poder até sua morte.
Enver Hodja organizou um grupo de resistência na Albânia, mas ao contrário de Tito ele  manteve uma ‘política de boa vizinhança’ com Stálin.

Assim, Moscou estendia seu domínio pela Europa Central. O caso da Alemanha foi muito mais complicado, pois o país estava sob ocupação britânica, soviética e americana. 

Surge a "Cortina de Ferro"


A "Cortina de Ferro"
Em 1945, Stálin queria controlar completamente Berlim, mas os EUA e a Grã Bretanha impuseram a divisão do país entre os vencedores, fazendo da parte ocidental capitalista e da oriental socialista.
A ocupação do Leste Europeu foi ratificada pela conferência de Potsdam. Temendo o expansionismo de Stálin, Truman bombardeou Hiroshima e Nagasaki como um aviso para os soviéticos se conterem.
Explosão Nuclear Hiroshima/Nagasaki
Em 1946, Churchill fez um discurso nos EUA revelando os planos "imperialistas" de Stálin e denunciou a Cortina de Ferro. Com o avanço comunista no mundo, a maior preocupação era a Europa Ocidental, assim Washington criou o Plano Marshall, que era o financiamento para a reconstrução dos maiores países de lá. O Plano foi também oferecido à URSS, mas Stálin não aceitou . 
A estratégia americana era a ameaça militar e a tentativa de puxar os países europeus-ocidentais para o dólar, sua esfera de maior influência.

A Partilha da Alemanha

OTAN

Como parte do plano Marshall, os aliados ocidentais realizaram uma grande reforma econômica na Alemanha Ocidental, criaram uma nova moeda que, ao começar a circular por toda parte ocidental, começou a passar para o lado socialista. Stálin não pôde aceitar uma moeda circulando fora de seu controle em um território que ele considerava seu. 
Em julho de 1948, Stálin ordenou o bloqueio total de Berlim Ocidental. Ele queria interromper o curso de reconstrução capitalista do país. Para enfrentá-lo, os aliados criaram uma ponte aérea para a parte ocidental da cidade para suprí-la com carvão, água e alimentos. Depois de muitas aterrissagens diárias, Stálin se rendeu e então o bloqueio foi suspenso. No mês anterior, os EUA criaram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) que surgiu no auge da tensão entre eles e a URSS. 
Com a Otan, os EUA queriam não apenas assegurar sua hegemonia na Europa capitalista, mas também garantir sua capacidade de atacar as forças soviéticas no caso de um confronto.

Morre Stálin


Joseph Stalin

Stálin não criou uma aliança militar imediatamente para se opor à Otan. Diferentemente do que ocorria nos países da Europa ocidental, a reconstrução do Leste estava sendo feita em tudo menos na área soviética. 
Em março de 1953, Stálin morre. 
Em Junho do mesmo ano, os operários de Berlim Oriental iniciaram uma greve. O movimento foi violentamente reprimido pelo Exercito alemão-oriental.

Com a morte de Stálin houve um rearranjo na cúpula do Partido Comunista da União Soviética. Nos meses depois de sua morte, abriu-se uma luta sem tréguas pela sucessão. Nikita Khrushev foi o vencedor da disputa e com o objetivo de consolidar seu poder e eliminar adversários, ele adotou uma retórica “reformista” que nada tinha a ver com o regime stalinista. Khrushev fez uma denúncia dos crimes da era Stálin para isolar adversários, por ele acusados de stalinistas e passou a dialogar e a "coexistir pacificamente". Seu governo foi classificado como o início do fim da Guerra Fria.  
Mas havia uma distância muito clara entre sua retórica e suas ações secretas. Khrushev criou o Pacto de Varsóvia como resposta a adesão da Alemanha Ocidental à Otan, anunciada uma semana antes da criação do pacto.

domingo, 12 de setembro de 2010

A Revolta Húngara

 A Hungria, devido a pressão interna, anunciou sua saída do Pacto de Varsóvia em 1956, porém, Khrushev não aceita e manda tanques para reprimir a revolta. Mais tarde, em 1958, o líder húngaro Imre Negy é morto. 
Na Polônia, sob grande influência da Igreja Católica, operários começaram protestos no ano de 1956 e foram igualmente reprimidos, deixando "sementes" oposicionistas que mais tarde fundariam o sindicato independente Solidariedade.
Revolta Húngara - 1956

Muro de Berlim

Alemanha Pós-IIGM
Com a URSS ainda sob poder de Khrushev, em agosto de 1961 foi construído o enorme Muro de Berlim, que separava a parte ocidental da oriental.
Ele foi construído com os objetivos de controlar o contrabando de moedas e mercadorias; de diminuir ou acabar o número de imigração da parte oriental para a ocidental, as pessoas faziam isso com objetivo de buscar uma vida melhor.
Além disso a construção foi usada também como "resposta" a Keneddy que disse que não iria mais aceitar nenhum bloqueio por parte da URSS.
Os EUA souberam lidar e explorar bem a situação, usando para efeito de propaganda política.
Construção do Muro

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Golpe de Brejnev

Leonid Brejnev
Mesmo que em alguns momentos Khrushev tenha usado de força bruta, ele trouxe mais liberdade a artistas, intelectuais e pequenos agricultores soviéticos além de realizar algumas reformas, o que não agradou os membros do Partido Comunista e em 1964 o líder do partido Leonid Brejnev deu um golpe de estado, tomando todo o poder.
Este novo líder retomou a prática do terror político e a mais desenfreada corrupção. Em quanto ele fazia coleção de carros importados e sua filha de diamantes, artistas eram perseguidos e presos.
Com Brejnev, A União Soviética viu renascer antigos fantasmas da era stalinista.

A Primavera de Praga

Primavera nas ruas de Praga
O governo de Brejnev foi se desmoralizando e com isso outros países socialistas estimularam-se a querer a separação ao Pacto.
Estudantes, artistas e intelectuais tchecos iniciaram um movimento contra a opressão de Moscou. Estes mesmos protestantes ganharam as ruas de Praga em grandes protestos. Isso ocorreu durante a mesma época do movimento democrata nas ruas de Paris.
Toda essa pressão fez com  que Alexandre Dubcek declarasse ruptura ao Pacto de Varsóvia. Brejnev não aceitou tal condição e em agosto de 1968 junto a tanques, carros blindados, invadiram Praga, matando centenas de pessoas. Dubceck foi deposto de seu cargo.
Brejnev explicou tal barbaridade e daí surgiu a "Doutrina Brejnev", que dizia que qualquer distúrbio em qualquer que fosse o país membro do Pacto de Varsóvia seria entendido como uma agressão à aliança em seu conjunto.
Mao Tsétung
Em 1968, a Albânia deixou o Pacto. Enver Hodja, que era líder albanês, havia declarado fidelidade a Mao Tsétung, dirigente comunista chinês que havia rompido relações com Moscou. Porém a Albânia não foi envadida, devido às complicações que fariam Brejnev romper sua própria doutrina.
Durante a década de 70 houve paz no bloco socialista. 
Houve apenas uma grande desmoralização a Brejnev com o surgimento do "eurocomunismo" na Itália, França e Espanha, que critica o modelo soviético.

A "Doutrina Brejnev" e o Afeganistão


No Afeganistão, Nur Taraki havia tomado o poder e queria implantar uma série de reformas socias e por isso ele acabou sendo deposto por outro golpe de estado. Hafizulah Amin tomou seu poder. 
Nur Taraki
A União Soviética era "amiga" de Taraki, então invadiu o Afeganistão. Amir foi executado e então foi imposto o governo de Babrak Karmal.
Para justificar a invasão do país , Moscou invocou a "Doutrina Brejnev", o que é traduzido como uma consideração soviética de que aquela área era de sua influência. 
Os Estados Unidos, assim como nas invasões da Hungria e Tchecoslováquia, não fez nada além de um pronunciamento formal. A União Soviética fazia o mesmo em relação aos golpes de estado que ocorriam na América com influência dos EUA. "Uma não mexia no quintal da outra".


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Surge o Solidariedade Polonês

Solidariedade
Em agosto de 1980, a paisagem política do Leste Europeu começaria a mudar radicalmente. O operário eletricista Lech Walesa fundou o sindicato independente Solidariedade, a primeira organização nacional de caráter social, político e econômico que escapava ao controle do regime comunista. 
Várias revoltas, por exemplo, na Hungria e na Tchecoslováquia haviam sido comandadas por comunistas, no caso do Solidariedade, o Vaticano que comandava, já que Walesa era muito próximo do papa João Paulo II. Logo após sua fundação, o Solidariedade começou a organizar greves, passeatas e a distribuição de panfletos contra o governo, chegaram a criar até uma estação de rádio. 
Lech Walesa
Era um desafio aberto a Moscou, que nunca tolerou o convívio pluralista e democrático. Em 13 de dezembro de 1981, o governo polonês, pressionado por Brejnev, decretou a ilegalidade do Solidariedade. O sindicato passou à clandestinidade, assim, a Polônia antecipou a crise que provocaria, futuramente, a queda do Muro de Berlim.

Morre Tito

Josip Broz Tito

Outro acontecimento importante em 1980 foi a morte do dirigente iugoslavo Josip Broz Tito, que liderou uma sólida organização de resistência ao nazismo em seu país. Embora fosse marxista, Tito manteve-se longe de Stálin e construiu sua própria ditadura. 
Foi ele quem conseguiu manter juntas as seis repúblicas que formam a Iugoslávia, fazendo um Estado fortemente centralizado.  Após sua morte não houve ninguém capacitado para substituí-lo, brevemente movimentos nacionalistas foram surgindo até desembocar a guerra civil de 1991.

Tensão Social e Desemprego no Leste

Rio Danúbio
No começo dos anos 80, as condições de vida da população eram cada vez mais precárias em todos os países socialistas, principalmente na URSS. Desemprego, prostituição, fome, consumo de drogas e outros “males capitalistas” assombravam os comunistas. Por exemplo, a Romênia com trabalho escravo e o Cáucaso soviético que o desemprego atingia um terço da população. 
Usina Nuclear de Chernobyl
O descaso das autoridades para com os problemas ambientais havia provocado hecatombes ecológicas (chuva ácida na Floresta Negra tcheca; poluição total do Rio Danúbio na Hungria; vazamento da Usina Nuclear de Chernobyl, na Ucrânia). Empresas de bens de consumo estavam atrasadas. E mesmo com esse quadro catastrófico, ninguém estava livre para reclamar. 
O socialismo acabou virando sinônimo de corrupção desenfreada, pois funcionários do Estado tinham acesso a bens e regalias fora do alcance da população comum. Nesse cenário dá para entender porque o início do fim, que chegaria ao final dos anos 80, foi desencadeado. 

Começa a "Era Gorbatchov"

Em abril de 1985, um fato decisivo para definir o destino do Leste Europeu aconteceu, Mikhail Gorbatchov assumiu o poder da URSS. Desde o início mostrava-se disposto a iniciar um gigantesco programa de reformas democráticas, começando pela abolição da censura à imprensa, libertou os presos políticos, declarou moratória unilateral dos testes nucleares soviéticos, retirou as tropas do Afeganistão e aboliu a “Doutrina Brejnev”. 
Mikhail Gorbatchov
Seu governo deu sinal para a eclosão dos movimentos oposicionistas em toda a Europa do Leste.  O Solidariedade reconquistou sua legalidade, na Hungria e na Tchecoslováquia multiplicaram-se pequenas manifestações, mas foi na Alemanha Oriental que se travou a batalha decisiva, milhares de alemães-orientais começaram a deixar o país. Berlim Oriental temia lançar uma repressão sangrenta que pudesse desembocar numa guerra civil e a opinião pública mundial não iria tolerar outro banho de sangue e dessa vez no coração da Europa. 

A Queda do Muro de Berlim

Construção do Muro de Berlim
Em outubro de 1989, no 40º aniversário da Alemanha Oriental, o dirigente Erich Honecker proclamou que seu governo ainda ia durar mil anos. Reprimiu com violência manifestações de protesto que se alastravam por principais cidades do país. Honecker foi obrigado a convidar Gorbatchov para os festejos, mesmo o odiando.
Queda do Muro de Berlim
Quando o dirigente soviético visitava o túmulo de um soldado desconhecido, um grupo de estudantes perguntou sua opinião sobre a crise do país, e ele respondeu: “um governo que não muda com a vida está condenado ao desaparecimento”. A mensagem era clara, Moscou não iria socorrer o regime de Honecker. Passeatas se multiplicaram e em 9 de novembro de 1989, o Muro de Berlim viria abaixo.
E assim como a construção dele foi uma demonstração da força de Moscou, sua queda mostrava que essa força havia se esgotado e em poucos meses, todos os regimes socialistas desabaram. 

Guerra Civil na Iugoslávia

Na Iugoslávia, o fim do Muro foi o sinal para que os nacionalistas desafiassem o governo central. Primeiramente, em 1991, a Eslovênia e a Croácia declararam-se independentes, logo após veio a Bósnia-Herzegovina, em 1992, que foi marcada por uma sangrenta guerra civil.

Iugoslávia Atual

Fim do Bloco Socialista Europeu

Francis Fukuyama
O processo que conduziu o fim do bloco socialista europeu foi marcado por uma grande ilusão nas virtudes do capitalismo, muitos acreditavam que seriam felizes se pudessem comprar objetos, outros idealizavam a democracia capitalista como um modelo de equilíbrio. O grau de euforia era tão grande que Francis Fukuyama, um funcionário público americano chegou a afirmar que a humanidade havia encontrado o regime ideal: o de mercado capitalista.
Eric Hobsbawn
 Mas em apenas três anos as ilusões foram despedaçadas, o antigo bloco socialista começou a sentir os problemas do desemprego, do desequilíbrio social e da frustração profissional.  Ao contrário de Fukuyama, a humanidade está ainda muito longe de ter encontrado seu caminho ideal. Como diz o cientista político germano-britânico Eric Hobsbawn: “enquanto existir raça humana, existirá história".